Este é
terceiro filme protagonizado por Elvis Presley; foi lançado em 1957, e mostra-se
memorável por diversos aspectos. Não é o meu predileto da filmografia de Elvis,
pois já deixei claro que o que mais gosto é “King Creole”, lançado em 1958,
opinião essa, formada mais pela musicalidade expressa em tal película. No
entanto, “Jailhouse Rock” (Prisioneiro do Rock”, em português), é sensacional,
quase no mesmo patamar e em minha avaliação, fica um pouco abaixo de “King
Creole”, apenas por conta da trilha sonora, menos bluesy.
Por outro lado, este
tem o trunfo da música que dá título ao filme, mediante a sua antológica cena
em específico, a mostrar uma coreografia sensacional, mas sobre isso eu comento
ao longo desta resenha, no momento oportuno. Antes de avançar, devo também
deixar claro que a filmografia total de Elvis Presley tornou-se longa e nesse
bojo, a maior parte das obras tem um aspecto popularesco, portanto, são poucos
os trabalhos que ele realizou que realmente demonstram méritos cinematográficos
além da sua intenção comercial, isso é público e notório.
Enfim, sobre
“Jailhouse Rock”, o primeiro aspecto positivo desse filme é sobre atuação de
Elvis como ator, que melhorou bastante, em relação ao primeiro, “Love me Tender” e o segundo,
“Loving You”. Certamente mais habituado a enfrentar as câmeras e sobretudo, por
ter ouvido muitos conselhos da parte dos diretores com os quais trabalhou (e sem
contar também com a opiniões da parte de atores profissionais e alguns bem
experientes, com os quais contracenou).
O segundo aspecto e ainda a repercutir a
atuação de Elvis em si, destaca-se pela característica da personagem por ele
defendida, naturalmente em concordância com o teor do roteiro e argumento
central da história. No entanto, tal característica oportunizou a possibilidade
de que Elvis revelasse enfim uma substância para ser considerado um ator,
propriamente dito, daí em diante. Não vou exagerar ao ponto em afirmar que
trata-se de uma tremenda atuação da parte dele, todavia, foi nítida a sua
melhora para atuar e assim angariar um mínimo de desenvoltura, ao ponto para
dar prosseguimento em tal tática adotada pelo seu empresário, o famoso,
“Colonel” Tom Parker, ao continuar a usar o cinema como um importante elo para
a expansão da sua carreira musical.
Curiosamente, ao longo dos anos sessenta, o
cinema viria a obscurecer a sua trajetória musical, até que ele mesmo desse um
basta na estratégia defendida por seu empresário e enfim voltasse a focar mais
na música, quando protagonizou o espetacular especial para a TV, “Come Back’
1968”, quando de fato, “voltou“, para a música e dali em diante, ele
protagonizou apenas mais alguns filmes, até 1969, mas certamente por conta de
obrigações contratuais, pois a sua carreira musical voltou com tudo, inclusive
a marcar a nova fase, a bordo de um novo visual, com o uso do figurino clássico
dos macacões estilizados etc e tal.
Bem, ainda a
falar sobre a personagem que ele interpretou em “Jailhouse Rock”, a sua
construção foi feita no sentido em destacar a impetuosidade, presunção,
arrogância e agressividade, ou seja, a revelar características negativas, porém
viscerais. Não chegou ao ponto de demarcar a personagem como um vilão,
propriamente dito, apesar de tantas nuances detestáveis, observadas em seu
caráter. Mesmo que por uma via torta, tais características
impetuosas, ajudaram-no a buscar nas entranhas, uma força Rocker mais
proeminente, e que fora muito mais difícil de ser alcançada através de
personagens mais dóceis, onde tal bom mocismo inibira-lhe a possibilidade da
explosão Rock’n’Roll. De fato, em muitos filmes posteriores, principalmente os
que ele protagonizaria nos anos sessenta, tal docilidade o atrapalhou
novamente, mas em Jailhouse Rock, isso foi bem contido e ótimo, fez bem ao
filme.
Como um quarto
aspecto, destaca-se a trilha sonora. Como já alertei, “King Creole” contém uma
trilha mais interessante ao evocar o Blues de New Orleans, no entanto, em “Jailhouse
Rock”, a música é igualmente boa. Além da faixa homônima, que é um dos maiores
clássicos do repertório de Elvis Presley e extrapola facilmente tal fronteira,
ao poder ser considerado um dos maiores clássicos da história do Rock, sem
nenhum exagero de minha parte. Há a presença de algumas baladas, logicamente,
algo recorrente em todos os filmes de Elvis para dar vazão ao romantismo e
reforçar a sua imagem pessoal como galã. Entretanto, há por mencionar-se que
tais baladas executadas nesta película, foram geralmente influenciadas pela
Country Music, portanto há um grande valor em tal cancioneiro, ainda que a
intenção penda para o Pop comercial, logicamente.
Sobre a
história, trata-se de um mote simples, mas que surpreende (como já antecipei
vagamente ao mencionar a personagem que Elvis defendeu), pois investe em um
tipo de abordagem não usual, ao apresentar como protagonista, um quase
anti-herói, digamos assim. Nesses termos, a história inicia-se com o jovem,
Vince Everett (interpretado por Elvis Presley), a receber o pagamento por conta
de sua jornada de trabalho na construção civil. Para relaxar e com dinheiro no
bolso, ele vai a um bar e ao defender uma mulher estranha, da agressão que esta
sofrera de um outro homem, Vince briga com esse elemento e ele morre, de forma
dolosa (ou seja, ainda que sem tal intenção deliberada, apesar das vias de
fato). Preso, Vince é condenado e chega ao presídio com rebeldia, não disposto
a dobrar-se às regras do cárcere. Uma vez em sua cela, conhece o seu
companheiro de infortúnio, Hunk Houghton (interpretado por Mickey Shaughnessy),
um veterano cantor de Country Music, que cometera um equívoco ao participar de
um assalto a um banco, que o condenara. Na cela, apesar de uma certa
animosidade entre ambos, Vince/Elvis impressiona-se com Hunk ao vê-lo cantar e tocar
violão e demonstra vontade de aprender a tocar, igualmente. Uma rápida cena a
mostrar Hunk como um improvisado professor, mostra Vince a aprender os
rudimentos do violão e com dificuldades pra montar um acorde simples de Sol
maior, mas claro, logo ele aprende e solta a voz a cantar baladas com teor Country
na cela e assim desperta a atenção de Hunk para o talento nato do rapaz, e
claro, Vince é Elvis, pois nesse aspecto, é difícil desassociar a imagem do ator em relação à personagem...
Vince e
Hunk, com outros detentos que eram músicos, organizam um show no presídio e
este é transmitido pela TV. Por conta disso, uma enxurrada de cartas chega à
instituição, a mostrar um conteúdo elogioso à apresentação e por causa dessa
manifestação surge a ideia entre ambos para firmar-se um contrato de cooperação
mútua, para quando ambos deixassem a prisão e buscassem dar vazão à carreira
artística.
Bem, o tempo
passa e através de um princípio de rebelião ocorrida no refeitório do presídio,
Vince soca vários guardas penitenciários e é duramente punido pelo diretor da
instituição, através da aplicação de chibatadas, algo chocante para os dias
atuais, mas que deduzo ter sido encarado com normalidade aos padrões da justiça
penal norte-americana daquela época. Hunk tentou subornar os guardas para abafar
o caso, mas não evitou que Vince fosse punido.
Alguns meses
depois, Vince encerra a sua pena e munido de um violão, busca emprego como cantor
em uma casa noturna, mas é maltratado pelo dono do estabelecimento, que
recusa-se a dar-lhe chance como cantor e no máximo, oferece-lhe vaga como
garçom. Chateado, ele bebe e ao seu lado no balcão, está uma bela moça, Peggy
Van Alden (interpretada por Judy Tyler), que ele paquera acintosamente, mas ela
o rejeita, ao perceber que ele mostra-se embriagado e sobretudo por ser
inconveniente na abordagem, bastante agressiva. Para a sua sorte, essa moça é
uma produtora musical e que atende os interesses de um cantor já famoso,
chamado, Mickey Alba.
Ele então é movido por um arroubo de impulsividade e
invade o palco à revelia e inicia a cantar e tocar o seu violão, acompanhado de
um grupo de músicos ali presentes. Sensacional, tais músicos eram da sua banda
na vida real, embora não haja nenhuma menção ao fato e tampouco eles tenham
falas, embora não apareçam apenas nesta cena, mas ao longo do filme inteiro.
Trata-se de Dominic Joseph ”DJ” Fontana (bateria), Scotty Moore (guitarra), e
Bill Black (contrabaixo acústico), que foram músicos extraordinários. Há a
inserção de um pianista, interpretado por Mike Stoller, a passar por si mesmo e
que vem a ser um dos compositores da trilha sonora do filme, ao lado de Jerry
Leiber. Aliás, essa dupla é uma das mais celebradas da história do Rock, Pop e
R’n’B, registre-se com todos os méritos.
Bem, de
volta à cena, enquanto canta, Vince (Elvis), é atrapalhado por um homem da
plateia, que estridente e inconveniente, emite gargalhadas descomunais em
conversa travada com a sua interlocutora. Irritado e irascível, Vince sai do
palco e quebra o violão na mesa do espectador, ao imitar com deboche a sua
risada irritante e obviamente perde a última chance em ser contratado pela
casa. No entanto, Peggy, ao perceber que ele realmente tinha muito talento
musical, vai atrás dele e o convence a gravar uma fita demo em estúdio e isso
ocorre posteriormente, quando ele grava com a mesma banda do bar (ou seja, o
seu super grupo da vida real), a canção: “Don’t Leave me Now”. O executivo da
gravadora, no entanto, não anima-se em princípio com a gravação. Finalmente ele
decide mostrar a fita ao seu superior, mas a solução dada pela gravadora não é
boa para Vince e tampouco para Peggy.
Uma cena
mais a focar no drama, mostra Peggy a tentar domesticar o rapaz, quando o
convida a conhecer a sua família que estava a promover uma reunião com amigos.
Deslocado, Vince sente-se ofendido quando as pessoas ao saber que ele era um
cantor, perguntam-lhe o que ele pensava sobre o "Progressive Jazz" e com parcos
recursos intelectuais e culturais, ele sente-se ofendido com a pergunta, por
não fazer nem ideia sobre o que essas pessoas falavam e sai de forma intempestiva
da festa, por sentir-se humilhado por tal pergunta que interpretara como uma
provocação. Peggy vai atrás dele e é surpreendida com a atitude do rapaz, que a
beija a força. Apesar da moral usual da época, não há o esperado tapa no rosto como
retaliação da parte de Peggy, mas ela o repreende e arrogante, ele apenas
responde-lhe que seguira o seu instinto, a demarcar o seu machismo.
Somente
quando visitam uma loja de discos, Vince e Peggy tomam consciência de que a
música, ”Don’t Leave me Now”, fora gravada e já estava disponibilizada em disco
por outro artista, Mickey Alba, que era assistido por Peggy, anteriormente.
Enlouquecido, Vince invade o gabinete do produtor da gravadora e o esbofeteia,
mas contém a sua raiva, com medo em machucá-lo mais ainda e voltar para a
cadeia. Surpreendente sem dúvida, para um filme de Elvis Presley com esse tipo
de cena perpetrada por uma personagem defendida por ele, contudo ocorreu e como
já salientei, revela-se um diferencial na filmografia do Rei do Rock, como
ator.
Peggy também
sentiu-se traída e dessa forma, propõe criar uma gravadora própria e investir
na carreira de Vince. Criam então a “Lauren Records” e contratam o advogado, Dr
Shores (interpretado por Vaughn Taylor), para ajudá-la a gerir o negócio. Vince
grava a canção, “Treat me Nice” e Peggy convence um amigo Disc-Jóquei (Teddy
Talbot, interpretado por Dean Jones), a executar a canção em uma emissora, após
várias tentativas com outras emissoras que recusaram a música. Para esquentar o
drama romântico, Vince fica enciumado quando percebe que Teddy nutria outro
interesse por Peggy, ao descobrir que este a convidara para um jantar.
A música
estoura e nessa trajetória meteórica de sucesso, Vince exacerba o seu lado
arrogante ao destratar subalternos e mostrar-se ainda mais impetuoso. De novo
uma abordagem ousada ao tratar-se de um filme com Elvis Presley, visto que a
tendência normal de sua filmografia fora de atribuir-lhe papéis a caracterizar
personagens sob a intenção de se produzir empatia com o público e neste caso,
Vince é um retrato fiel de muitos (para não dizer sobre todos), artistas que
deixam a soberba dominá-los quando tornam-se famosos. Bem, nesse ínterim, Hunk
deixa a prisão em liberdade condicional e procura Vince, para buscar o
cumprimento do contrato que houvera sido celebrado em uma cela. Então, Vince, vai
filmar um “promo” (o conceito pré-histórico do vídeoclip) e promete encaixar
Hunk nessa oportunidade na televisão.
Vem então a
cena mais sensacional do filme, que contém uma beleza plástica incrível, ao
mostrar a performance de Vince/Elvis a cantar: “Jailhouse Rock”, a canção
que dá nome ao filme. Ao fazer referência à prisão, tal cena mostra Vince a
interpretá-la uniformizado como um presidiário, e acompanhado por um corpo de
bailarinos. Além da obviedade em torno da força dessa música, que é um dos
Rocks mais sensacionais de todos os tempos, há um destaque enorme para a
coreografia. Segundo consta nos anais sobre a produção desse filme, a ideia inicial
da produção fora produzir uma coreografia ao estilo tradicional dos musicais
hollywoodianos, a relembrar o estilo de Fred Astaire e Gene Kelly. Todavia, é
preciso observar que esses dois atores & dançarinos, exímios, por sinal,
ostentavam estilos diferentes de dança entre si. Astaire era mais veterano e
Kelly tinha mais modernidade jazzística, digamos. Elvis, no contraponto, era um
Rocker rebelde e desenvolvera a sua performance pessoal que tornara-se muito
marcante, embora ainda fosse o início de sua carreira em tese, portanto, quando
Elvis tomou conhecimento do que planejavam para essa cena, quis interferir.
Dessa forma, o que estabeleceu-se na cena, foi um híbrido entre o estilo de dança
clássico dos musicais cinquentistas, a la Gene Kelly, e ao mesmo tempo, com
liberdade para Elvis estabelecer a sua movimentação pessoal, ao seu estilo.
Nessa simbiose, o que vê-se é um resultado espetacular. A sincronia perfeita
dos movimentos dos bailarinos com a performance típica do Elvis (ainda que a
interpretar, Vince), ficou tão famosa que essa cena foi usada posteriormente
como um “promo” de fato, do Elvis e imortalizou-se.
Outra curiosidade sobre a
cena, a performance de Elvis em si, chama a atenção por conta de dois
movimentos e essas posturas não foram criticadas somente pela sua atuação neste
filme, mas sobretudo pelo contexto de sua atuação ao vivo, e mais proeminente
desde 1956. Ou seja, duas reclamações foram observadas pelos críticos e também
pelo público conservador em geral: os movimentos pélvicos (“Elvis, The
Pelvis”, tornou-se o seu apelido pejorativo nessa época), e os movimentos com a
perna dura, a insinuar um tipo de locomoção a imitar pessoas com paralisia em
seu andar, amparadas por muletas e/ou bengalas. Bem, não vou entrar no mérito
sobre tal visão da sociedade norte-americana à época, mas fica aqui o registro.
Outra curiosidade, Gene Kelly, em pessoa, assistiu a filmagem e impressionado,
aplaudiu com entusiasmo assim que o diretor deu o seu grito para cortar a ação
da filmagem.
O filme
segue, com Hunk a filmar um número acompanhado de uma banda. Ele está a filmar
uma balada “Country-Rock”. No entanto, de uma forma bem desrespeitosa, é
interrompida pelo diretor da TV, sob a alegação que tal número seria
ultrapassado e logicamente que ele fica muito frustrado e humilhado com tal
tratamento. Para piorar as coisas, Vince alega à Hunk, que consultara um
advogado e que o contrato que ambos haviam firmado na prisão, não tem validade,
portanto, o que pode oferecer-lhe é uma porcentagem ínfima para que ele torne-se
uma espécie de mordomo pessoal seu. Humilhado, mas sem outra alternativa melhor
no momento, Hunk aceita a contragosto tal situação.
Mais famoso
ainda, Vince torna-se insuportável e Peggy afasta-se dele. Surge então o
convite para ele estrelar filmes, quando fecha contrato com a Climax Studios.
Ora que interessante, uma metalinguagem, visto que Vince (personagem) e o Elvis
real confundem-se nesse ponto do filme. Vince é instruído a passar um tempo com
a atriz, Sherry Wilson (interpretada por Jennifer Holden), para ambientar-se
com ela e tais cenas mostram a atriz como uma pessoa entediada e arrogante pelo
seu status. No entanto, ao filmar uma cena de tal filme, Vince é cobrado pelo
diretor a dar realismo à cena e então, beija tal atriz, verdadeiramente. O diretor grita o
“corta”, várias vezes, mas o casal não para, entusiasmado pelo contato sensual
verdadeiro, ali estabelecido. Sherry passa a namorar Vince, doravante.
Vem a parte
final do filme, quando Hunk deixa o seu ressentimento de lado e toma uma
atitude dura para tirar Vince de sua atitude em torno da soberba. Ao perceber
que Vince e Peggy amam-se, verdadeiramente, ele resolve fazer com que Vince
desperte e para tal, provoca uma briga e bate firme em Vince, que em princípio
não quer lutar por respeito à Hunk, tanto pela idade mais avançada, quanto pela
gratidão por conta do que o veterano proporcionara-lhe nos tempos em que dividiram uma cela na prisão. Mas Hunk exagera e desfere-lhe
um soco muito forte na garganta. Vince acusa o golpe e desesperado, Hunk chama
a ambulância. Dramático, Vince corre o risco em perder a voz, atingido em suas
cordas vocais. Hunk e Peggy o visitam no hospital e mesmo sem falar, Vince
sinaliza que perdoa Hunk pela agressão, ao dar a entender que a intenção, por
incrível que parecesse, fora boa.
Cena final,
Hunk está em casa e vai fazer um teste para saber se poderá cantar doravante.
Acompanhado por Mike Stoller ao piano, ele canta a balada : “Young and
Beautiful”, com dificuldade em seu início. Peggy; Hunk e os rapazes da banda
estão a ouvir em outra sala e demonstram em seus respectivos semblantes, sinais
de expectativa. Então, Vince recobra paulatinamente a sua potência, e com a
banda a participar doravante, solta a voz. Hunk mostra-se aliviado e no
enquadramento final, Vince e Peggy terminam abraçados.
Bem, final
feliz, certamente, mas como observei, o filme mostrou vários pontos não usuais,
para torná-lo uma obra diferenciada na filmografia de Elvis Presley. É sem
dúvida, um dos seus melhores filmes, mas por uma questão extraordinária,
tornou-se também um tormento para Elvis. Ocorre que a atriz, Judd Tyler, que
interpretou Peggy, o par romântico de Vince/Elvis, foi vítima de um acidente
automobilístico e veio a falecer juntamente com o seu marido da vida real,
poucos dias após o filme ter sido concluído, ou seja, ela não teve a
oportunidade em assistir o filme finalizado. Elvis ficou arrasado e recusou-se
a participar da avant-prèmiere da obra, e nunca mais quis assistir esse filme.
Jovem e muito linda, Judd fora um atriz de teatro que mal começara a brilhar no
cinema, no entanto, a fatalidade ceifou-lhe a oportunidade em construir uma
bela carreira no cinema e ter tornado-se portanto, muito mais famosa, no
futuro. Uma grande pena.
Outras
canções não mencionadas que são ouvidas na trilha: “One More Day”
(interpretada por Hunk/Mickey), “I Want to be Free”, “You’re So Square/Baby, I Don’t Care”(esta é sensacional!).
A crítica à
época, foi dura, por considerar que a abordagem da personagem, Vince. Teria
sido uma apologia ao mau comportamento. Faz sentido em certo aspecto, na medida
em que realmente o perfil da personagem não pode ser considerado louvável em
termos mais humanistas, digamos. No entanto, visto pelo distanciamento
histórico já bem avantajado (1957-2019), releva-se o fato da mentalidade da
época ter sido outra, completamente diferente no seio da sociedade, mesmo em
termos de cultura norte-americana puritana. O preconceito contra o Rock’n’Roll,
então atribuído a um tipo de degeneração da juventude branca em aderir aos
valores propagados pelo público negro, teve um peso extraordinário na sociedade
de então, portanto a revelar-se como um fator extra e de certa forma,
preponderante.
Mas o
sucesso popular, foi imediato, com Elvis no auge de sua popularidade como
cantor e já a estrelar o seu terceiro filme. Outro fator, desta feita técnico,
a fotografia desse filme é excelente, embora a utilizar o preto e branco como
recurso e muito bem explorar fator do contraste.
Foi escrito
por Nedric Young, produzido por Pandro S. Berman e roteirizado por Guy Trosper.
Coreografia por Alex Romero. Naturalmente que o empresário de Elvis, o “Colonel
Tom Parker”, tem creditada a sua participação na produção, igualmente. Com
direção de Richard Thorpe, o filme foi lançado em novembro de 1957.
Tal obra foi exibida fartamente pela grade da TV tradicional, aberta, por muitos anos sob fartas
reprises; idem em relação às emissoras de TV a cabo e foi lançado em versão
VHS, DVD e Blue-Ray, ao longo dos anos. Atualmente, (escrevi em 2019), tem sido difícil
achar um portal de internet a exibi-lo na íntegra, de uma forma gratuita. Há
uma cópia no portal polonês, “CDA. PL”, mas há o inconveniente estilo polonês
de dublagem, com um locutor único a narrar monocordicamente a fala de todos os
personagens e sob um volume muito alto, que impossibilita a tentativa de ouvir-se o áudio em inglês, original. No entanto, é melhor que nada, para quem
nunca assistiu essa obra e eu garanto, é um filme que preciso ser visto.
Esta resenha foi preparada para fazer parte do livro: "Luz; Câmera & Rock'n' Roll". em seu volume III e está disponível para a leitura a partir da página 187
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