quarta-feira, 6 de março de 2013

Kircher, o Inquieto Experimentador - Por Luiz Domingues

Acaba de ser lançado um interessante livro, "A Man of Misconcenceptions : The Life of an eccentric in an age of Change ("Um Homem de equívocos : A Vida de um excêntrico em uma Era de Mudanças").
Trata-se da biografia de um homem chamado : Athanasius Kircher, um padre jesuíta de origem alemã, que viveu no século XVII. Desde criança, Athanasius Kircher demonstrara possuir interesse por diversos assuntos e assim, enveredou por estudos sobre matemática; filosofia; biologia; acústica; magnetismo;, astronomia e outras matérias.
Mesmo depois de ordenado padre, os seus estudos prosseguiram com muito entusiasmo e ainda muito jovem, já tinha diversos trabalhos concluídos sobre assuntos variados e mais que isso, ao revelar-se um autêntico cientista portanto em contraste com a sua condição sacerdotal (em tese, pela mentalidade opressora da Igreja à época), fez muitos experimentos e criou inventos. Nessa biografia recém lançada nas livrarias, são inúmeras as curiosas peças por ele inventadas. Muitas são absolutamente geniais; outras são surpreendentes pois anteciparam os rudimentos de outras que seriam inventadas definitivamente depois, por outros inventores e algumas são exóticas ao extremo.
Por conta das invenções absurdas, Kircher culminou em ser injustiçado por muito tempo, isso porque foi ridicularizado e claro, ganhou a fama de ter sido um lunático incorrigível. Kircher fez muitos estudos por exemplo, sobre o aperfeiçoamento de microscópios e telescópios, que influenciaram outros pesquisadores, decisivamente.
Nesse campo, criou um objeto que denominou como : "lanterna mágica". Nele, conseguia de forma ainda que primitiva, criar a ilusão de movimentos em ilustrações. Esse invento rudimentar foi sem dúvida o precursor remoto do projetor cinematográfico, que só viria a ser criado ao final do século XIX, de fato.
Portanto, é inacreditável que Kircher tenha pensado em algo assim, em pleno século XVII. No campo do magnetismo, Kircher fez muitos estudos. Obcecado por conhecer a fonte de magnetismo do planeta, chegou a aventurar-se em um perigosíssimo rapel, dentro do vulcão Vesúvio, na Itália.
Um invento seu entrou para o anedotário e hoje em dia causa repulsa aos defensores de animais (aliás, com toda a razão) : Kircher concebeu um piano que não possuía cordas. O músico usaria um teclado normalmente, mas o som obtido pelo bater das teclas, seria produzido pelo gemido extraído de gatos vivos, cujos respectivos rabos eram puxados, conforme a tecla fosse acionada. Todavia, não foi apenas com excentricidades que Kircher contribuiu com a música. Ele fez também estudos de acústica e amplificação de sons, que muito ajudou a desenvolver a engenharia, para desenvolver e muito a música, naturalmente.
No campo da biologia, fez inúmeros estudos e relacionou a peste bubônica à micro-organismos encontrados em cadáveres. Estudou línguas do extremo oriente, ao realizar estudos morfológicos comparativos.
Segundo consta em sua biografia, Kircher teria deixado quarenta e quatro livros, com os seus estudos. No livro recém lançado, com a sua biografia, uma observação final chamou-me a atenção : o autor, John Glassie, declarou que a despeito dos acertos, as inúmeras experiências fracassadas, também deram enorme contribuição à ciência.
Sim, grande verdade da ciência, o princípio de tentativa e erro é ainda o melhor método, desde o tempo da invenção da roda. Admirável a vida e obra de Athanasius Kircher, apesar da crueldade com a qual lidou com os nossos amigos felinos...
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica e republicada no Blog Pedro da Veiga, ambas em 2013

2 comentários:

  1. Lunático nada ele era um visionário, pois estava muito além dos da sua época, e muito inquieto e radical uau!!! Fazer rapel dentro do Vulcão Vesúvio!!! Adorei a matéria e muito aguçou minha curiosidade sobre ele, depois vou conhecer um pouco mais sobre suas experiencias!!!

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    1. Verdade !!

      De lunático ele não tinha nada, pelo contrário, como você mesma observou, foi um tremendo visionário e aberto às experiências, sem medo, apesar de sua formação sacerdotal e principalmente pela época em que viveu.

      Realmente, fazer rapel no Vesúvio, naquela época, foi de uma coragem incrível, pois é de se supor que as condições de segurança nessa aventura, devem ter sido precárias.

      Maravilha que a matéria tenha aguçado a sua curiosidade sobre Kircher ! O livro vale a pena.

      Obrigado por ler e comentar !!

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